2021-07-29
Acaba de ser publicado um artigo de acesso aberto na revista científica BMC Health Services Research que analisa os resultados da coordenação de cuidados entre níveis de atendimento de intervenções concebidas e implementadas de forma participativa com profissionais de redes de serviços de saúde pública no Brasil, Chile, Colômbia, México e Uruguai. O artigo também analisa os elementos e estratégias necessários para a sustentabilidade deste tipo de intervenção e sua aplicação em outros contextos. As lições aprendidas são relevantes para implementar intervenções eficazes dos serviços de saúde no contexto atual da COVID-19.
A revista científica BMC Health Services Research publicou recentemente um novo artigo de acesso aberto intitulado: Can care coordination across levels be improved through the implementation of participatory action research interventions? Outcomes and conditions for sustaining changes in five Latin American countries. O artigo, que é parte do projeto Equity-LA II e preparado em colaboração com pesquisadores dos países participantes, analisa os resultados sobre a coordenação do atendimento em todos os níveis de atendimento das intervenções implementadas de forma participativa com profissionais de redes de serviços de saúde pública no Brasil, Chile, Colômbia, México e Uruguai. Este artigo é de interesse para profissionais, gerentes e formuladores de políticas que buscam formas mais eficazes de introduzir mudanças em suas organizações e práticas de cuidados que melhorem a coordenação entre os níveis de cuidados. Embora o estudo tenha sido realizado antes da pandemia da COVID-19, contém recomendações de relevância para os serviços de saúde no contexto atual. Um contexto que gera situações de alta complexidade e incerteza que exigem respostas rápidas, projetadas e coordenadas diretamente pelos profissionais envolvidos no processo de atendimento.
A falta de concentração entre os níveis de cuidados é um problema comum em muitos sistemas de saúde, o que levanta preocupações sobre seus efeitos negativos sobre a qualidade dos cuidados. Para resolver este problema, são propostas numerosas e variáveis intervenções baseadas em evidências, que muitas vezes alcançam resultados limitados porque estão mal adaptadas ao contexto local e não levam em conta as necessidades dos profissionais. O artigo mostra que reuniões conjuntas entre níveis de atendimento baseadas em métodos reflexivos, selecionados e desenhados de forma participativa com profissionais, contribuíram em grande parte para melhorar aqueles elementos de coordenação da gestão clínica - comunicação em acompanhamento, acordo clínico, adequação do encaminhamento - e coordenação administrativa, relevantes em cada contexto. Eles também contribuíram para melhorar os fatores de inter-relação entre os profissionais (conhecimento pessoal, confiança mútua), assim como fortalecer a capacidade da PHC no acompanhamento dos pacientes. A correta aplicação do processo participativo de seleção, desenho e implementação de intervenções com profissionais, num contexto adequado - com tempo suficiente e apoio institucional - emerge como condição necessária para a sustentabilidade e aplicabilidade das intervenções em outros contextos.
O artigo apresenta os resultados do estudo de avaliação qualitativa realizado através de grupos focais e entrevistas individuais com atores-chave (gerentes e profissionais) que participaram do processo de seleção, desenho e implementação de intervenções para melhorar a coordenação dos cuidados nas redes de serviços de saúde participantes em cada um dos países.
Outros resultados deste estudo sobre os principais fatores contextuais e de processo para a implementação de intervenções participativas, assim como uma estrutura de análise e recomendações de interesse para a implementação deste tipo de intervenção em outros contextos (https://academic.oup.com/heapol/article/35/8/962/5879869), já foram publicados em um artigo anterior.
O artigo é assinado por: I. Vargas (CSC), P. Eguiguren (UChile), A. Mogollón-Pérez (URosario), F. Bertolotto (UDELAR), I. Samico (IMIP), J. López (UVeracruz) e ML. Vázquez (CSC).
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